Vitrines de oportunidades
Participar de feiras internacionais é o primeiro
passo para empresas que querem conquistar
o mercado externo
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Feira Internacional de Tecnologia da Informação, em Hannover, na Alemanha: porta de entrada para o mercado europeu |
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A conquista de novos mercados passa pela promoção dos produtos brasileiros no exterior – uma providência que apenas recentemente começou a ser adotada de forma agressiva e planejada pelas companhias nacionais. Uma das formas mais eficazes para obter resultados nesse campo é a participação em feiras e exposições internacionais. No ano passado, 8 500 empresas brasileiras participaram de 411 eventos no exterior, nos quais fecharam contratos no valor total de 3 bilhões de dólares. Em 2004, o número de empresas deverá chegar a 13 500 e o de eventos, a 500. A estimativa é que o valor das transações seja quatro vezes maior. "Feiras de negócios são uma ferramenta fundamental para o marketing das corporações que se orientam para o mercado externo", diz Juan Manuel Quirós, presidente da Agência de Promoção de Exportações (Apex). "Para as pequenas e médias empresas, a vantagem está na possibilidade de contatos e referências comerciais dificilmente encontrada em outras situações."
Há eventos específicos para praticamente todos os segmentos, como mostra o quadro publicado no final desta reportagem. Apenas na Alemanha são realizadas anualmente 150 feiras de alcance mundial, nas quais é possível não apenas divulgar produtos e serviços como também fechar bons negócios. Uma das mais tradicionais é a Feira Industrial de Hannover, visitada anualmente por 200 000 pessoas de dezenas de países. Das oitenta empresas brasileiras que participaram da edição deste ano, 37 firmaram contratos, com um volume total de 40 milhões de dólares – sem considerar as negociações de longo prazo.
A cidade alemã sedia também a CeBIT, a maior feira de tecnologia de informação, telecomunicações e software do mundo. Na edição realizada em março deste ano, as companhias brasileiras assinaram protocolos para negócios futuros no valor total de 6 milhões de dólares. A Itautec, que expôs seus produtos em um estande de 120 metros quadrados, vendeu caixas eletrônicos a clientes da África do Sul, Egito, Emirados Árabes e Índia. Nos últimos três anos, graças aos contatos feitos na feira, a gaúcha Perto Periféricos, que também é especializada em automação bancária, faturou 9 milhões de dólares com a exportação de equipamentos para 22 países, entre os quais Estados Unidos, Alemanha, Portugal e Espanha. "Esses eventos funcionam como porta de entrada para empresas estrangeiras que querem ganhar o mercado europeu", diz o empresário Constantino Bäumle, que representa feiras de Hannover no Brasil.
Fotos divulgação/Apex-Brasil![]() |
Festival de frutas brasileiras em loja do Carrefour na capital polonesa, Varsóvia, e estilistas de São Paulo com modelos na semana da moda brasileira em Moscou: novos mercados |
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Empresas de vários segmentos também têm conseguido conquistar novos mercados por meio de parcerias com a Apex, um dos braços do Ministério de Desenvolvimento e Comércio Exterior. O Brazilian Fruit Festival, elaborado em conjunto com o Instituto Brasileiro de Frutas, incentiva os fruticultores a participar de feiras internacionais, a investir em marketing e, sobretudo, a cuidar da qualidade dos produtos, para alcançar os padrões dos mercados mais exigentes – incluindo o cumprimento a normas fitossanitárias. Um dos primeiros resultados concretos é a parceria recém-firmada com a rede francesa de hipermercados Carrefour, que se comprometeu a ofertar frutas brasileiras em 9 000 lojas localizadas em dezoito países da Europa, Oriente Médio, Ásia e Américas. "Vamos aproveitar nossa condição de rede mundial para dar oportunidade aos bons produtores brasileiros de mostrar lá fora o sabor especial das frutas e sucos produzidos por aqui", afirma Arnaldo Eijsink, diretor de agronegócios do Carrefour.
Durante a penúltima semana de setembro, várias entidades que representam empresas dos setores de jóias, vestuário, calçados e cosméticos participaram de uma extensa programação em Moscou, toda voltada para a promoção de produtos brasileiros junto aos empresários russos. O ponto alto foi um desfile de moda com peças criadas pelos estilistas Amir Slama, Alexandre Herchcovitch e Walter Rodrigues. A intenção do governo brasileiro é aumentar a participação das empresas nacionais no bilionário mercado russo. O mercado local de têxteis, que movimenta 20 bilhões de dólares por ano, é um dos mais promissores. Apesar de ser o maior produtor mundial do setor, o Brasil se posiciona no 46º lugar entre os países que exportam roupas pré-fabricadas para a Rússia.
Devido ao sucesso da participação de empresas brasileiras em eventos internacionais, o governo federal decidiu abrir centros de distribuição de produtos brasileiros em pontos estratégicos do mundo. Começará por Miami, nos Estados Unidos, e Frankfurt, na Alemanha, no ano que vem. Em 2006, serão implantadas unidades em Dubai (Emirados Árabes), Johanesburgo (África do Sul), Varsóvia (Polônia) e Xangai (China). Cada centro terá custo mensal entre 15 000 e 35 000 dólares e abrigará trinta empresas, as quais terão no local um showroom e toda a logística necessária para escoar seus produtos nas respectivas regiões. "Nos primeiros dezoito meses, a Apex e o Banco do Brasil bancarão parte dos custos. Depois, as despesas ficarão por conta das empresas", informa o presidente da Apex, Juan Quirós.
O evento internacional mais expressivo realizado no Brasil é a Agrishow, a maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, realizada há onze anos em Ribeirão Preto, no interior paulista. Em 2004, o evento – principal termômetro do profissionalismo alcançado pelos agricultores e pecuaristas brasileiros – contou com 604 expositores, 10% dos quais estrangeiros. Foram realizadas também edições da feira em Rondonópolis (Mato Grosso), Rio Verde (Goiás) e Luis Eduardo Magalhães (Bahia). Os bancos que montaram agências nas quatro versões da Agrishow receberam propostas de financiamento no valor total de 3 bilhões de reais – valor equivalente ao orçamento anual de Belo Horizonte.
A Agrishow apresenta a milhares de visitantes o que há de mais moderno em tecnologia agropecuária em uso no mundo. Além de ficar expostas nos estandes, as modernas máquinas são submetidas a demonstrações de campo, lado a lado com marcas concorrentes e simulando todas as fases da lavoura, do preparo do solo à colheita. "A precisão hoje é um ponto importante na agricultura, e este é um momento único para comparar os diversos modelos e as mais avançadas tecnologias disponíveis no mundo", diz o presidente do Sistema Agrishow, Sérgio Magalhães.