Brasil deve ficar longe dos Objetivos do Milênio

Embora o Brasil esteja empenhado em mostrar ao planeta que pode realizar a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada do Rio, dois anos depois, é em 2015 que o país - e outras 190 nações - terá de prestar contas ao mundo sobre o seu grau de desenvolvimento e justiça. Expira naquele ano o prazo para o cumprimento dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), definidos em 2000 pela Organização das Nações Unidas (ONU). Os resultados preliminares e as previsões não são animadores -Na média, o Brasil deverá alcançar os objetivos, mas as desigualdades ainda serão gigantes e deverão continuar, não só por regiões mas também dentro dos estados", avalia Luciana Brener, diretora-executiva da ONG Observatório de Indicadores de Sustentabilidade (Orbis).Entre os prenúncios de que o Brasil não atingirá as metas está a queda no ranking Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), anunciada em outubro. "Precisamos ter consciência crítica dos nossos problemas. A expectativa de vida no Brasil é de 72,2 anos, dez a menos do que no Japão e três a menos do que na Argentina. Isso é um sinal de que ainda não atingimos um ritmo de desenvolvimento adequado", afirma Flávio Comim, coordenador do relatório brasileiro do IDH. "A desigualdade impedirá que o Brasil avance."

Discurso oficial - O governo, contudo, contesta as previsões. Para Ana Lúcia Sabóia, chefe da Divisão de Indicadores Sociais do IBGE, o Brasil estará entre os poucos que alcançarão os ODMs. "Mesmo não existindo uma linha oficial de pobreza, que deixe clara a quantidade exata de pessoas que vivem abaixo dela, já superamos o objetivo de redução da desigualdade entre homens e mulheres", diz.

A afirmação é baseada nos números da Síntese de Indicadores Sociais 2009 (SIS), divulgada pelo IBGE na última sexta-feira. A SIS deste ano mostra que, de cada cem mulheres, 52 estavam ocupadas ou procurando trabalho em 2008. Mas, segundo a pesquisa, elas continuam recebendo cerca de 30% a menos do que os homens para exercer as mesmas funções - vale lembrar, a igualdade entre os sexos é um dos objetivos da ONU.

Outra nuance está relacionada à educação. Mesmo faltando pouco para atingir a meta de acesso ao ensino básico universal, os indicadores apontam para a baixa qualidade do ensino - com a existência de 21% de analfabetos funcionais entre jovens com 15 anos ou mais.


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